28 de agosto de 2010




LUTO

Dor imensa
transbordante
que chupa a fuga
limita o espaço
e espezinha
qualquer
tipo de esperança.
Nada é constante
tudo
se tornou desprezante...
É como
uma sarna
que se alapa ao corpo...
As feridas
escancaradas
subsistem
ao fechar do sonho.
Luta inexplicável
para
que o equilíbrio
não se esvaia
em ensaios perpétuos.
A garantia tardia
que
um dia
aliados imaginários
me transportarão
em câmaras de paz.
Tortura confusa
que emudece
o meu sangue
e me
congela as entranhas...
A sensação
que para lá deste buraco
existe vida
é raramente plausível,
inaudível,
inatingível...
Apelo aos monges
a quem me ama
a quem me quer
a quem me chama,
mas a
derrocada final
é quando
me apercebo
que
o único bónus possível
é mastigar
a semente
do meu
clemente pensamento...

DORMÊNCIA

Catana esburacada
que ceifou
um pedaço
da minha semente
e me deixou quebrada.
Campo de feno dourado
que me
levou anos
a erguer,
onde
o poder empregnado
tinha cheiro
a mar selvático...
Animalesca catana
essa
que permanece
intacta
e a escrever a acta.
Confronto diário
com o meu
imaginário
onde procuro por vezes
o porquê.
Idealizo
e realizo momentos
para me preencher
e tapar buracos.
Esses
meus!
Não da catana...
Essa...
Quem sabe
se plana
se me chama...
Apenas
lhe atiro uma sultana
com sabor
a romana.

27 de agosto de 2010

POBRE SINA

Negros famintos
que assistem
ao desfile de caracóis genéricos,
poéticos,
práticos em manuais de sobrevivência
aglomeram-se
latindo sem tino...
Não procuram vida,
mas não vegetam
encarregam-se
apenas
ao esquivo de falsas promessas.
Atordoados,
deslumbrados,
manifestam-se
em odores sem esquinas.
Provetas
com sabor a chupetas
adoçam-lhes a boca
que sorri em esgares
de moléstia difícil...
Negros
com casa às costas
seguem tardios
o ritmo do desfile
e como será natural
um dia será apenas
o rolar dum funeral...

PAIXÃO EM CONTRAMÃO

És a força
eu a graça
pétala de garça branca
que se enrosca
e mostra
a sede do desejo...
Tua força
memorável,
desdobrável
que alcança
e suplanta os meus devaneios.
Saudade
que não fica
pois não tem lugar cativo,
fica mesmo
só o momento,
o supremo,
o encanto que vira o estímulo
pleno de prazer,
que amolece o beijo
derrete o corpo
e acende
a luz duma paixão em contramão...

O QUE PODER SER FEITO

Levei uma sova
mas não fiquei
com os pés para a cova,
mas sim como nova.
Vou à missa,
oiço o galo
e cozinho especiarias,
sobra-me agora
e em demasia
cicatrizes perdidas
com trago de vida.
Divirto-me
na escrita
e com alma de artista
prego-te
um susto
e declaro harmonia
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mariamega2001@gmail.com

ONDA

A minha linha
do horizonte caíu,
a onda parou
e o som
abafou o meu grito
que tropeçou desamparado
no teu abraço.
Espuma de fogo
que afaga o rolar
das minhas mãos no teu coração.
Afago-te,
envolvo-me em deliciosas
contemplações isentas de recordações.
Revivo,
crio abraçada ao teu ser
encostada à ombreira
da soleira da tua paixão...
Percebo a fuga do tremer
de adivinhações que engrandecem
o meu permanecer.
Vislumbro um novo horizonte
um novo confronto
com botões de ídolos.
Persigo a onda
a eterna onda que me persegue
desfaço-a na areia,
peneiro o teu olhar
o teu captar de sorrisos...
Sorrio...
Esboço-te um momento
com chagas abertas,
desertas de embrenhar o nevoeiro estridente.
A necessidade,
a vontade de descobrir
a ruptura inexistente entre nós
entardece-me a dor
que afinal não persiste...
Existe a vida,
existe o momento,
o pensar,
o chegar e o partir...
Enlaça-me o despertar
duma porção de fadiga
que me estafou.
Delenlaça-me
a fragância conhecida
por inoperância,
transplanta-me a alma
transfere-me a calma.
Palavras perdidas
desenhadas na areia
com rosto de maresia,
indica-me
sem tinta,
sem cor,
a verdadeira história de amor...

25 de agosto de 2010

MIAU

Sou como reza o dicionário
faço contas pela tabuada
acerto o passo conforme
o soldado...
Guia, mestre,
inflexível,
tudo opina sobre mim.
Agressão sem justificação
presente
e premente,
sigo o rumo
com direcção ao sumo
ao trunfo,
que guardo na mão
para o que der e vier...
Apago os traços
dilaracerante
que me perfuram
e estrangulam
o mais profundo sentimento.
Luta desigual
opcional
de quem fica para trás.
Empilho
o Corão junto da ovação
que releio
nas palavras de Salomão...
Quanto a sonhos,
esses sim
registam milimétricamente
o meu método
de Rei Negro,
eléctricamente
suspendem a corrente
duma cadeira
que regida
na base da alegria
fornecem energia
a tantos milhões
que seguiram
alguém
que afastou
o buraco do sítio....
Encontrou-se
tricórnio
de ficha tripla,
depósito
de calamidade
sofrida
e adquirida
numa multiplicação mal conseguida
por alguém
que não seguiu...
Penso que
a tabuada,
o dicionário,
o Corão, o Salomão,
descansam no meu coração,
e é no
delírio fanático
enigmático
que salto para
a rua
cantar a saudosa
canção do melão
e esperar
um tostão..............

10 de agosto de 2010

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mariamega2001@gmail.com

ASSIM É ELA

Provinciana
com
traça salazarista
aí vai
a cobra
com alma
de víbora.
Chicote
ao peito
e sorrisos
de bondade
parte
à cata
de alguma
humildade.
Mal
amada
afoga
qualquer
saudade
e
abre
a inviabilidade
de ter
uma vida sadia...

AS QUE QUERIAM SER...

Pergaminhos
de estilo
petulante
é o
que elas gostam...
As
ditas mulherzitas
com patitas
de lagartixa.
Cavam,
cavam
as pobrezitas
mas

encontram caganitas!

DELIRANTE PROCESSO NEGLIGENTE

Mulheres
sorturdas
com garras de ursas
que conquistam
apenas
o serviço gasto
e com
ranhuras
que nem
um limar de unhas
é suficiente
para
se aguentarem
nas curvas.
Que decadente processo
em que
delirantes
absorvem o negligente
e sorvem
o pendente.
Aniquilação
total
da sua condição
que promove
a graça,
a feminilidade.
Que vergonha
para a classe
e como
se não bastasse
abundam
por toda a parte...

O CASO GC

O incêndio
está
declarado.
Tudo arde
tudo
toma uma nova forma
uma nova pausa
que divergiu
da causa...
As linhas
afastam-se
nem
permitindo
que paralelas amarelas
sigam
a faísca do enxofre.
Fujo de contradições
e salvo
a esperança pessoal
de um dia
renovar
o contentamento
descontente
que aperto
junto
ao meu esqueleto
que tenta
não ficar obsoleto.
O fraco
chia
irritado
com tanta fadiga,
o outro
aproveita
a caída
e abre
a porta de saída!

O QUE PODE SER FEITO

Levei
uma sova
mas não
fiquei
com os pés
para a cova
mas sim como nova...
Vou
à missa
oiço o galo
e cozinho especiarias.
Sobra-me
agora
e em demasia
cicatrizes
perdidas
com trago de espuma.
Divirto-me
na escrita
e com
alma de artista
prego-te um susto
e declaro harmonia...

RETOMA

O pânico
passou
o choque
bateu de chofre
rebentando o cofre.
Não existiu chave,
não existiu truque,
empurrou-me
para um enclave
sem clave...
Com
vendas transparentes
vou largando
os ataques
que me perfuram
os olhos.
Que terror
que odor
tão audaz
que é capaz
de estralhaçar
o vibrar estrangulado
por mãos fétidas.
Respiro.
Por momentos
consigo respirar.
Ando.
Os passos
tornam-se
corrida rápida.
Penso
corro,
tropeço,
levanto-me
estendo-te o testemunho
do mundo...
A coleira
quebra-se
a corrente
sente
e a alegria
toca à porta.
Vida minha
tão torta
que até
parece anedota!

RETALHOS

Preciso de ti
preciso de ouvir
preciso de ir...
Preciso de achar
preciso de amar
de olhar o luar
de reinar,
de brilhar,
preciso
de voltar,
de me deitar
de decansar...
Preciso de ter
preciso de ser
de ver,
de crer...
Preciso,
preciso de tanta coisa
preciso de perdão
preciso de opção...
Preciso
de colher o ocaso,
de me deixar
andar
ao acaso,
sem rumo
sem fumo...
Preciso do cume
preciso do teu lume.
Acendalha
vibrante
perturbante
e
esclarecedora,
serás sempre
a minha mangedoura...


9 de agosto de 2010

A CILADA DA PRAIA DA CALADA

Gerir
emoções
é tarefa difícil.
Perder
o perdido
é coisa
que não devia
existir.
Beber
fluídos estagnados
provoca
limitações
e confrontações
que não têm fim.
O sabor
a esperança
torna-se
repentinamente
uma façanha
e a dignidade
corre
sérios riscos
de descambar...
Gosto
do teu âmbar,
mas falta-me
o encanto
que
um dia
retirei
do
teu estar.
Como
bonecos
sobre andas
testámos a capacidade
e ficámos
a andar
de banda...
Esmigalhados
e desprotegidos
misturados
em mares
de sarambanda.
Que dança
que não
tem fim
nem clama
por um fio de raíz,
que por
um triz
corre
o risco
de se
esvair em chamas...

BRILHO EMBACIADO

Boneca
de palha de aço
devolve-me
a areia trigueira
que abunda
na fritadeira.
Tudo
não passa
duma brincadeira
e agora
que a vendedeira
levou
a tralha
resta-me
olhar para os cacos
partidos do espelho
que
por dinheiro
te entreguei.
Pedaço
de palha de aço
brilhante
irradiante
diz-me
para que
tiroteiro
me leva o marinheiro...

A SAGA COMEÇOU NA RÉPUBLICA DAS BANANAS

Tentaste
a dor sem calor
o som grosso
prende-me a alma
não estou preparada
para tanta dor
nem para ouvir
nem para sentir
muito menos
para fugir.
Será dentro
do meu ambiente
que mergulharei
onde eu sei
onde eu piso
a terra
como o meu andar.
Determinada
sem estrada
sem entrada.
Se quero sair?
Se quero cair?
Um dia
quando a pégada
ficar movediça
será hora
das perguntas.
Nunca
a ti
nunca
para ti,
subir a rampa
díficil se tornará
senão desviares
o teu olhar
e me
crucificares
de tanto tentar
salvar-te.
Como seria
se a ira
não perdurasse?
Se eu amasse?!
Se tu amasses?!...
Se ao menos
suportássemos
o achado
e não
partilhássemos
o machado...
Gata selvagem
por vezes,
arrredia
ou esquiva.
Valores conseguidos
de quem foge
de quem ladeia
a fronteira
do inesquecível
e que
se tornou
invencível...

3 de agosto de 2010

É SEMPRE BOM

Falar
de amor
é sempre bom...
É sempre
doce que te apetece,
é sempre
carga positiva,
que faz faísca
e ilumina
a pilha...
Pensar
em amor

me transporta fácilmente
à imaginação
que me
permite
deslaçar
e sonhar
que te vou ter...
Fazer
amor
é voar alto
trazer
cantos de vales
e planícies
afagar
o feno
e desmoer
a mente...
Possívelmente
sussurrar
pelo canto
a uma
semente,
e suavemente
deixar
escorregar
o brilho
do maior encanto
que
é fazer um filho...
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mariamega2001@gmail.com

CONTROL

Tenho
um prego
espetado
no cérebro.
A confusão
perdura
a evasão
filtra canais
de expansão.
O roncar
de motores
promete
capacidades
para transmissão.
O dom
exacto
responde
exactidão,
perfeição,
colaboração,
exijo
ao meu transtorno.
A exaustão
atinge
o cúmulo
do esforço
e o
cérebro furado
vai-se esvaíndo
em pingos
de sopapos
pervertidos,
que transferem
latitudes
isentas
de atitudes...
Que será
que o prego quer?
Nem
já sinto o que comanda
sinto sim
a dor
como avança
com corte
de catana.
Onde
paira o susto
que me
acompanha?
Será de ferrro
como o prego?!
Mesmo assim
persisto
na conquista
e
realizo
que
o sentido inverso
da minha estima
não
passa pelo prego...

MANIFESTOS

A droga
é boa
deixa
o corpo libertar
a zona
solta,
onde pouca
agitação
ainda precisa
de
uma lição.
O risco
do limite
dança
justo,
radical,
junto
ao apertar
de figuras imaginárias.
O perceber
do saber
finalmente
encaixa
sem doer
e o
sacríficio
vira maravilha...
Explosões
de lentidões esquecidas
penetram
divinas
e acendem-se
luzes
de oportunidades
carregadas
de saudades...
Proezas
com certezas
rodeiam
o espaço
duma dimensão
literalmente preocupante.
Aproveito,
mudo de quadrante
e sigo
na boleia
dum navegante...

SER CABRA OU NÃO SER

Inundada
em atmosferas
vibrantes,
saltita
oportunista.
Parece
um estadista
com alma
de fadista...
Precisa
por vezes
de facilitar
o estranho
com manhas
e façanhas.
Possuída
envolve
então a razão
que lhe dá
plena satisfação
para percorrer
livremente
a linha da confusão...
Quando chega
o perdão
não sabe
apanhar um não
e cobra mesmo
com caixa de latão.
Que dúvida
doentia
me percorre
a espinha
capaz de me deixar sózinha...
Ser
cabra
ou
não ser?!
Como
mesmo
o saber...

POR VEZES

Nada é mais simples
do que o evidente.
Evidentemente
que aborrece
muito falso vidente
que por aí
aparece...
Seguir
a regra
de deixar
em água caliente
absorve
sentimentos
que
por aí
diversos
se protegem
de vozes
insuficientes.
Salva-se
o auto-suficiente...
Se por vezes
por
evidente
se torna carente,
o que eu desejo mesmo
é
ser penteada
pelo teu pente.
Simplesmente...
Docemente...
Com
batida de valente!

COISAS

Nem a morte
resiste a desabafos
de declínios evasivos.
Nem a sorte
evolue
enquanto o porte
não definir
a concha
do cristalino
nem mesmo
cortes
suportam
laçarotes postiços
metediços
inundados
de aldrabisses...
Empurrar
a sorte
num sentido positivo
facilita
o pendurar
de crucifixos.
Esperar
a morte
é negativo,
dar o corte
dá sorte.
Será
que o teu porte
é forte
em demasia,
cabrita duma figa...