16 de janeiro de 2010

EXISTÊNCIA


Se alguém me ama...
Se alguém me quer...
Se alguém...Se alguém...
Onde pára esse alguém?...
Será alguém que não me vê,
que não me sente?...
Porque estou além...
Afinal eu sou alguém?!...

RESGATE


Preciso talvez de químicos!...
Preciso talvez de arrogância!...
E de ganância?...
Será?
Apanhar a lama,
que resiste ao descalabre de vidas ocultas e pervertidas...
Subsiste apenas o desgaste,
e o infortúnio delinquente,
de fartura de estruturas com fissuras...
Por vezes,
a sensação de alegria,
ainda percorre a minha mente...
Será?...
Sinto a náusea enebriante do ópio,
que me faz iludir,
a inútil sensação de estar viva...
As taças de vinho,
que esvazio lentamente,
com olhar ávido de devaneio,
doentio e escusado...
Onde eu estou?
Onde eu paro?
Onde me está a levar,
o gosto pela saliva dura...
Pelo perigo aflito de cristais sem brilho,
que se lançam em labirintos,
esquecidos,
perdidos,
destratados...
Onde o sentir do corpo rasgar,
da mente que explode,
e do contacto proibido,
com chagas definitivas de podridão...
Nem já a alma agradece...
Nem reflecte...
Será que peço que cesse?!...

13 de janeiro de 2010

ENCANTO


Lá em baixo,
onde eu moro,
existe um cantinho!...
Um recanto,
cheio de encanto...
Onde me perdi...
E foi assim que te vi!...

CASO OU ACASO DE NÉON


Sempre que nos amamos,
em encontros de paixão e sedução,
desenho-te na minha imaginação...
Rasgos de loucura vã,
traços perdidos e esgotados,
luzes que fecham e calam...
Flashes de agonia pervertida,
símbolos drásticos,
com sabor a calor...
Onde não existe pudor,
onde o odor quente do arranharar da mente,
resurge forte,
e responde ao brilho esgotante,
duma noite perdida,
esquecida,
incapaz de mover o ser,
para além da linha devorante,
que dum instante acorda,
e toca num filamento de cores,
que estiram no firmamento...

MOMENTO


Sentir que a cabeça voa louca,
sentir que o vazio desvanece,
sentir que a alma cresce,
e desenha em ritmo descontrolado pautas e linhas,
ferventes de delírios e confusões...
Não existe decisão,
não existe contemplação...
O amor é feito de doações,
onde não existe esforço,
onde não existe dor,
nem tempo, nem sombras,
onde o calor afaga o teu pasmo...
Onde o cair das vestes é solto,
onde o largar do espaço é infinito,
e o sentir do ocaso trespassa a minha emoção...
Não perguntar,
não decidir, nem explicar...
Deixar acontecer,
revelar as imagens captadas no momento,
e para sempre fechar a porta,
que deixámos para trás...
Abrir o leque com um simples pestanejar,
de vidas soltas e simples...
Algures no tempo,
encontraremos muito e muito mais...
De momento,
só quero mesmo é este momento!...