20 de abril de 2011

UM APETECE



Apetece-me pensar que não me apetece partir já. Apetece-me pensar que me apetece é sorrir, já, agora! Depois, talvez e pelo menos um dia!

Será mesmo que este apetece consegue decifrar um pequeno código guardado num toucador com cheiro a talismã?!

Apetece-me pensar que o cair da lua arrefece o conter das lágrimas, e que não vai doer, não vai moer mais o desejo de ser feliz!

Apetece-me mesmo é chorar, e choro mesmo neste momento, sem desejo de parar.

Apetece-me encher o mar, atravessar olhares mas sem cruzar no teu, pois faz-me doer!

Aceita uma lágrima, aperta-a, vais ver que se dissolve e nem dá para beber. Se a lambes, se a sorves, se te ocupas a embeber algodão de neve...

Que te apetece então?!...

Apetece-me apenas tocar na brisa que abana o meu pulso.

Apetece-me chamar o som com que te reclamo a chama resgatada dum certo espectáculo que abafou a energia esgotada, porque afinal me apetece ficar um pouco, um pouco mais, um pouco sózinha, um pouco na cozinha.

Pois sim, porque me apetece beber a sina em redor, trocar de lágrima, pousar a camisa e correr para o parque, porque sim é isso mesmo que me apetece!

DEUSA DO LEME

O corpo de homem dançava, torcia, distorcia movimentos.
O coro, claro, eram corpos femininos, claro. Existem muitas mais fêmeas na verdade verdadeira masculina, mexem-se melhor em bando claro!
O corpo agora rodopiava, em parafuso, oscilava os membros fortes, afagava o horizonte, limpando o organismo, e aumentava o som da escala esférica da sua excitação. Procurava o coro, agitava o odor mecânico que ardia na fuga de óleo com ar de lamparina.
E o coro?!
Passou a soro, apagou o choro, virou estofo e claro o homem apontou o leme, e geme, claro!
As fêmeas são muitas! Claro! Entontece!!!

7 de abril de 2011

TEATRO AO VIVO

Manhã submersa coberta de gotas espalhadas em redor duma aflição inédita sem salvação! A estrada corria, despertava, furava o truque das sombras, das ondas, que esvoaçavam e esboçavam sorrisos. Atenta ao compasso do dia, estendia-me ao largo de camas de luz de laços soltos e espandia-me num abraço alargado em nocturnos pensativos! Deleitava-me o abrir, o fechar dos jactos de espuma que saborasamnete me adoçavam a boca... Alongava o espírito, tentando recorrer a estimativas dignas de razão, e nem pensava que afinal existias! Num simples relâmpago chamaste-me, beijaste-me e ofereceste o início dum percurso que se pretende... Senti-te, quis-te mas não te pedi, apenas prometi-te... Algures, um brilho sorriu, e o pano caíu!

STRAWBERRY FIELDS

No lavar dos cestos já só penso em ti já só acredito em algo, que te prometi, já só pretendo espreitar as manhãs solarengas que me aperfeiçoam estímulos e dilúvios de camas destapadas que esperam por ti! Como será pertencer a uma camada de chantilly capaz de trespassar e morder o morango vivaz e ousado, que transplantei do vaso para um prado definido e despido, testado sómente em laboratório! Frasco aberto de sede impune que exala odores perseguidos por caudas brilhantes de crarências e carícias... Será mesmo que o palhaço perdeu os sapatos? Ou será mesmo que me transtornou?!