17 de março de 2011

TREM

Se as dores nas costas matassem
afortunada seria eu!
O sossego pairava,
e a constelação do sofrimento
caíria em redor
dum monte de vidros
repletos de história!
Sinto-me instalada
num prometer vago
de ilusões permanentes e permentes.
O vazio decadente
apagou o fino traço
de luzes postadas
num écran dilacerado,
por turbulências inesperadas
de contactos rudimentares!
O descanso avizinha-se,
permito-me vagas translúcidas
de vagos momentos
que apesar do turbulento confuso,
transformaram-se nas minhas memórias,
com, ou sem história.
Depressa, o tempo escapa,
mas lento, suaviza o lugar,
ocupa o transistor
e embala uma sonolência inexplicável
de quem quer morrer!
Sobrevoo, escorregando na dianteira
dum caminho aberto deixado por um Deus
que me apeteceu seguir...
Ficou lá ao fundo do outro lado
a espuma dum champagne medíocre
esfalfado do sonar
dum submarino delinquente que encalhou...
Delicadamente agora,
neste momento passo as mãos por mim,
deslizando sobre o vapor longíquo e tímido,
e esqueço, não sei relembrar!
Apenas o estudo fica, firme e forte
como o aplauso revigorante
que aguenta a máscara,
me prepara, me ampara
o sulco profundo da aceitação plena,
de um banho de mangueira!