27 de outubro de 2010

BRUXINHA CACHEEN


FILHO


Sempre
Sempre me lembrarei de ti
Saudade
Sempre, sempre de ti...
Lume aceso,
fogueira alta
labaredas soltas
loucas,
com sabor a doce...
Sempre serás,
sempre estarás
aqui, ali,
lá, acolá...
Sempre,
sempre me aconchegarei em ti,
agora como desejas
como manejas,
e
conseguiste arranjar
a forma,
a formúla
de clorofórmio azedo
que pairava
sobre a imagem
dum pecado roliço...
Agora,
sempre e agora
transportas a luta
que me assenta como uma luva!
Para sempre,
foste em frente
garoto da minha vida............

9 de outubro de 2010

TURBINA


Não sou criminosa
sou como
uma rosa fogosa
com pedido de margarida.
Canto ao som
da suave melodia
desisto de crimes
desisto de cisnes
lapido o espinho
da rosa bonita
caída ao canto
do último
acto da corrida,
da subida...
Tremo
ao pensar
no que disseste,
no que fizeste,
guardo as relíquias,
arrumo os talheres
não vale a pena
servir a refeição,
nem mesmo cobrir a mesa.
Não existe afeição,
só coleiras de negação.
Não quero
estar presa,
muito menos ser presa.
Nem pedra,
nem penses
que me pegas...
Aqueço o sopro
da gula obtusa
apresentada
num prato
de folia louca.
Se sirvo de touca?
Ou estou mesmo
é doida...

GOTA SOLTA


Ternura
doçura cálida
sinto
quando me olhas,
me adornas...
O teu roçar,
o teu afagar
sublima
qualquer dor,
qualquer pena,
qualquer incerteza...
Solto-me
em espiral alongada
com sinos de galo
e embrenho-me
no bosque do contentamento.
Suavidade,
modernidade,
aquece-me o peito
quando embates no meu desejo.
Passei afinal
foi a amar-te
e as minhas mãos
sossegaram
na tua pele
e a arcada vazia
trocou-se
e virou sina...
Permites-me?!

COISAS DE FLORESTAS

As folhas
batiam surdas,
comichavam entre si,
o espalhafato nocturno
beliscava
o cheiro vadio
de clareiras vagabundas.
As fogueiras
saltavam dunas de pedra estagnada,
onde um dia
se me petrificou
o rugido de leoa.
É preciso saltar,
beber um trago
do sumo arejado
que bate
para lá da fortaleza...
Apetece-me levar-te,
apetece-me levar-me,
retratar o fresco quente
que me passas
ao toque
da tua semente,
que ainda perdura
e me permite a ternura
de te afagar
com jeito de paixão...
Aprecio-te!
O teu correr,
o teu viver,
o teu pedir para que te ame...
O jogo
finge que é tarde,
a escolha badala o arrefecimento
pendente
no teu rosto sem tempo...
Sinto
que o tempo
sem tempo existe,
que embala o milagre perdido
em noites alegres
desertas do teu brilho,
do cair da tua folha...

NÃO CALO A CALADA


Pela calada
estalei a alma
sem retorno
e sem corno vigente.
De frente
para a Calada,
a minha praia
sem saia,
lancei-me
num voo de estrela cadente...
Sem perder,
sómente receber
e acolher
a raíz
que por um triz,
não quebrou
junto ao lancil.
Pé na estrada
farta
de tanta merda,
chegarei depressa
levada
pelo remexer da tua colher.
O círculo,
o movimento é curto,
rápido.
É preciso reagir
como tomando café.
Não gosto,
não gosto mesmo nada
do trago do café,
mas compreendo
que algures
a vida
é conduzida sempre
com uma boa dose de cafeína,
para que
o nervo palpite
com lança de matador
e que
o regozijo
de encontrar
o Salvador
incita-me de roldão
para a evasão espontânea
dum surfista
em plena conquista
do grito da solução...

LAST TRAIN TO JAMAICA


Agora
será suposto
afiar o gume
da espada!
Mestre,
com leme
de estrada salgada
indica-me
o soltíscio.
Puxa o fio
para que o mar acalme
e que
tudo se possa guardar
no frigorífico...
Pacotes de gelo,
frios,
humedecem circunstâncias
desonestas
e
ingratas.
A batalha
apresenta-se primorosa
com fardas sonantes
e
brilhantes.
Quero-te
cantar uma sonata.
Melhor,
escrever-te uma ópera.
Serei capaz?!
Por enquanto,
cruzo as mãos
e
ofereço-te
o meu desejo
de te dar
um beijo...

CACHEEN PLAYING

Abriram as portas da comporta
a rusga começou
latindo,
o velho cão
já desfigurado pelo latejar do tempo
vagueava pela rua
indiferente a tudo.
Cacheen
deleitava-se
com a suave prevenção
de acordes multicolores
fortes em cheiros enebriantes...
A procura exacta
deixou
alguém de orelha murcha
como as rosas
que
lá fora não resistiram
a calores impestuosos.
A rusga mantém-se
o som dos apitos
confunde-se
no soar de tambores...
Busca,
busca o traidor,
busca pelo odor,
busca pelo pudor,
busca pela dor!
As rosas têm cor,
reparei de soslaio,
mesmo murchas...
O cão,
a Cacheen,
movem-se
com cores opostas,
viram as costas,
dançam,
sustentam
a porta da comporta,
decidem a rusga...
Busca, busca,...
Aposto
que não estou murcha!