3 de setembro de 2009

Em memória do Ricardo...

Pietro Salva

RI DE RIR


Um monte de pedra
rasga a parede duma saleta,
como picada de vespa listada
orelhuda e esbugalhada.

Temos lareira rapaziada.

Lentamente saltam da paleta
efémeros coloridos enxofrados,
reflectem-se na flanela cinza zebrada
onde já chanfrada a malta se ri de rir.

Temos lareira rapaziada.

Nada se pedia
sonhar bastava e acontecia,
enquanto ardia ficávamos
alimentávamos com o que havia.

Ainda temos lareira rapaziada.

Noite após noite era assim
sempre à beira do rir,
na berra de chegar lá
deixando tudo fluir.

Não a deixem apagar rapaziada.

Achas levávamos sempre
para usufruir do ir,
durou, durou durou
sempre a partir.

Por fim se apagou.

Enquanto durou foi!
Agora que tudo terminou estranho ficou,
sem desistir da juventude eterna
continuo,
de lareira não preciso,
só de buscar em mim.


Pietro Salva




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