1 de novembro de 2010

MORTO NUM SACO


Morto num saco
perdido no chão
sem poder mexer,
coser o fio da navalha.
Sem poder procurar
o afecto
o carinho
a carícia
dum mundo para perdoar.
Trauma imenso
que me acompanha
que me lava
as lágrimas
do suor encardido
espalhado pelo meu corpo.
Sem dose para tragar
sem poiso para voar
e voltar.
Ninguém te trás
ninguém te move
ninguém arde de pensar tanto como eu
que não consigo
que não possuo
o alcance vidente
dum duende em parafuso...
Não aprofundo
não desalinho
o linho fiado
no fuso da musa.
Apenas me acusam
de saltar
para o retiro deixado
na linha
que traçaste e largaste...
Parece que estou retirada
parece que estou perturbada
parece mesmo
é que estou esgotada
e que
o retiro tão cobiçado por todos
abriu-se
aos meus pés !
Basta um avanço
um simples
e espontâneo avanço
que não precisa
de empurrão.
E o rolar
da minha vida
esbroa-se
num bafejo
de desejo
inerte
mas garantido!

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