5 de novembro de 2010

SÊ FORTE


Retratado
no teu espelho
encontro
a mais
profunda das dores...
A dor funda
a dor dura
a dor que não fura
em água mole...
A dor destruída
de quem
perdeu tudo,
que não soube,
que não sabe reconstruir...
A dor
de quem sente
que a dor sofre,
que a dor dói,
que a dor foge
mas que volta...
E a sensação
que me percorre
é mais profunda
que qualquer nó sem dó!
É necessário agir,
partir
e sobretudo
não deixar fugir
a risada prostada
num catavento
virado ao lamento...
Que a Luz te ilumine,
que a ilha
não se esgote
e que consigas distrair
o bote
e apanhares lugar
no lote!
Busca
a sorte,
busca
por ser forte...
Não deixas dote,
mas
afianço-te
que o mote que te lanço
faz
parte da arte
de
que um dia
amando-nos os dois,
a Luz rompeu
e ele nasceu!..............
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mariamega2001@gmail.com

2 de novembro de 2010

POISAR NO MAR


Como é difícil
conceber
que o vazio deixado por ti
depertou noutro lugar.
Convencer-me
de que
realmente a transformão
existe,
que
o parafuso que apertava
a prateleira
se torceu
e caíu.
Levou tudo,
arrastou tudo
sem rasto
sem trago,
sem trilho para eu seguir...
Lanças espetadas
na berma da estrada
que ainda caminho
indicam-me
o tornear do lamento
e a construção
aparece
eminente na minha mente.
De repente
sem pôr a mente
a flutuar
tudo se envolve em bruma estridente,
ardente
sôfrega de se embrulhar
num perdoar
cativo
e nutritivo...
É da tua sede
que vou beber,
é da tua espuma
que eu vou trocar
o saber estar.
E é como eu amo
que é
no mar
que eu
te vou recolher...
Sem temperar!

1 de novembro de 2010

MORTO NUM SACO


Morto num saco
perdido no chão
sem poder mexer,
coser o fio da navalha.
Sem poder procurar
o afecto
o carinho
a carícia
dum mundo para perdoar.
Trauma imenso
que me acompanha
que me lava
as lágrimas
do suor encardido
espalhado pelo meu corpo.
Sem dose para tragar
sem poiso para voar
e voltar.
Ninguém te trás
ninguém te move
ninguém arde de pensar tanto como eu
que não consigo
que não possuo
o alcance vidente
dum duende em parafuso...
Não aprofundo
não desalinho
o linho fiado
no fuso da musa.
Apenas me acusam
de saltar
para o retiro deixado
na linha
que traçaste e largaste...
Parece que estou retirada
parece que estou perturbada
parece mesmo
é que estou esgotada
e que
o retiro tão cobiçado por todos
abriu-se
aos meus pés !
Basta um avanço
um simples
e espontâneo avanço
que não precisa
de empurrão.
E o rolar
da minha vida
esbroa-se
num bafejo
de desejo
inerte
mas garantido!